Certo dia, numa cidadezinha mineira qualquer,
ouvia-se discursos palpiteiros de um grupo em específico. Discutiam-se a missão
de um educador nas escolas neste novo século. Um dos primeiros a se manifestar
foi Guimarães Rosa, logo dizendo:
_ A educação nunca foi “milmaravilhas”, contudo
o descaso atualmente é algo “bramoso”.
_ Elementar, meu caro Rosa, o educador de hoje,
é muito mais do que um mestre, além de professor deve atuar sobrepondo-se à
função dos pais. Hoje, nossas crianças vêm desamparadas, com problemas famíliares
e ,às vezes, a única chance que têm de serem elas mesmas, é no ambiente
escolar, já que, por lá, passam o maior tempo de suas vidas._Contestou Sherlock
Homes.
_ Concordo com o Senhor_disse Paulo Freire. Mas
a principal missão de que um educador deve se assegurar é que, desde pequeno,
ele ensine seus alunos a autonomia, ou seja, ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria evolução e construção de seus valores. Caso isso não
ocorra, os mesmos se sentirão inseguros de suas verdades, e se esconderão de si
mesmos, aceitando fatos contra sua própria crença, pois têm medos de buscá-las.
_ Creio que o método de ensino é pouco favorável,
pois algo só tem sentido quando faz parte do contexto ao qual o aluno esteja
inserido _ retruca Rubem Alves parafraseando Paulo Freire, pois, do que adiantam
palavras se não as proferimos com verdade absoluta? Um livro, por exemplo, só
podemos compreendê-lo, verdadeiramente, se enxergarmos a magia por trás das
suas escritas.
A conversa perdurou por horas, e horas, e, por
mais complexa que fosse a discussão, todos tinham uma opinião em comum, que, “ensinar
é muito mais do que apenas a tranferência de conhecimento, partindo de palavras
e discursos vagos”. As nossas crianças só tomarão posse desse, quando houver
uma junção do aprendizado com a construção de seus próprios valores pessoais,
dessa feita, as palavras se tornarão parte de suas vidas.